segunda-feira, 29 de abril de 2013

Uma Igreja Relevante, não permanece com os olhos fechados



 Uma Igreja Relevante, não permanece de olhos fechados.

Lucas 10.25-33 
O estudo faz parte da série "Uma Igreja Relevante", que busca entender com base na palavra de Deus o que é qual a função da Igreja.

No mês passado já conversamos sobre a importância de entender o sacrifico, e por quê?

Em primeiro lugar, se não entendermos o sacrifício a parábola perdi o sentido, pois uma pessoa que não entende o sacrifício, não vê rações para amar alguém que não tem nada a ver com ela.

Os ensinamentos de Jesus só fazem sentido na vida daqueles que entenderam o sacrifico e hoje vivem em comunhão com o Deus trino.

Contexto: Aqui o mestre da lei, estava querendo acusar Jesus de herege, e por isso ele pergunta: o que eu posso fazer pra herdar a vida eterna? E Jesus lhe responde perguntando: o que diz a Lei e como você interpreta?

De Lei entendia muito e por isso responde corretamente, dizendo que devemos amar a Deus e ao próximo com todo nosso ser. Jesus concorda com sua resposta e lhe faz um desafio: - faz isso e viverás!

Sabendo que é impossível fazer isso, o mestre da Lei tenta se esquivar perguntando: QUEM É O MEU PRÓXIMO? E com esta pergunta temos o início da segunda parte do texto.

Problema do texto:

O próximo na concepção d mestres da lei eram homens e mulheres que viviam de baixo do mesmo pacto, assim os gentios, os "de fora", não estavam incluídos no "próximo"!

Mesmo já sabendo da resposta, ele pergunta: Quem é o meu próximo? E Jesus responde contando uma história com 4 personagens.

O primeiro que aparece na história é um ser humano, e a única informação que temos é que está no chão semimorto, pois foi roubado e espancado por alguns ladrões.

O segundo é o Sacerdote que está descendo de Jerusalém para Jericó, e provavelmente estava cumprindo suas duas semanas de oficio de sacerdote no templo. É um caminho conhecido por ele e que fazia parte da sua vida. E nesse dia em especial, ele se depara com um homem no chão semimorto.

Seria ele o "próximo" do Sacerdote? Como saber?

Naquela época havia grande diversidade entre as tribos, e existiam pelo menos duas características que distinguiam essas pessoas, a roupa e a fala.

Mas aquele homem está inconsciente e provavelmente nu. Como então saber se ele é um judeu ou não? Na dúvida, o Sacerdote escolhe ir embora e deixa este homem morrendo na estrada! Ele o vê, mas passa de largo.

O sacerdote era um homem com certo status financeiro e fazia este caminho a cavalo, o que lhe dá condições de ajudar aquele homem, mas ele não faz, e por quê?

Não queremos defender a ação do sacerdote, mas sabemos que ele também tinha fatores que favoreciam a sua decisão.

1- Esse homem está nu e inconsciente: ele talvez não fosse um dos "seus próximos".

2- Talvez esse homem estivesse morto, e o sacerdote não poderia tocar em um cadáver.
Se o homem estivesse morto, o sacerdote estaria impuro, contaminado, e contaminado ele não podia cumprir com seus ofícios de sacerdote. Ele iria ter que voltar para o templo e passar por um ritual de purificação.

Assim nós percebemos que ele tem razões lógicas para tomar essa atitude. Ele encontra "brechas" em sua consciência e ele as usa para se sentir no direito de passar de largo.

Ele sabe que poderia agir, mas sabe que poderia não agir! E assim ele escolhe fechar os seus olhos e seguir "em paz" sua viagem.

O terceiro personagem que aparece aqui é o Levita.

O Levita também estava voltando de Jerusalém e indo para sua cidade. O caminho também é conhecido por ele. É um caminho rotineiro, e andando em um dia comum, algo acontece de diferente, existe alguém semimorto na estrada!

O Levita não está sujeito a tantas regras de vida de purificação quanto o Sacerdote. Ele poderia tranquilamente parar e ajudar o homem, mas ele nos o faz, e por quê?

Assim como o Sacerdote, o Levita também tem razões concretas para passar de largo.

Sua posição.

Se o levita está voltando de Jerusalém, ele sabe que a pouco tempo algum Sacerdote tinha passado por ela.

Não ajudar este homem, é respeitar a posição de alguém superior, pois se o sacerdote passou e não fez nada, como o Levita poderia fazer?

Os levitas tinham também uma renda mais baixa que os sacerdotes, e sempre andavam a pé. Como ele levaria esse homem por tantos quilômetros?

Ele também não pode ficar ali parado dando os primeiros socorros porque correria um sério risco de passar pela mesma coisa. E ainda, ele não conseguia identificar se este homem é o seu próximo ou não.

Pois bem, ele também tinha alguns argumentos palpáveis para não ajudar este homem!

E assim ele vê o homem, mas escolhe passe reto!

O problema no texto é claro, a religiosidade, a comodidade, e a própria consciência, taparam os olhos do Sacerdote e do Levita. E esse é um sério risco que corremos também hoje.
Problema contemporâneo:

Diariamente quando estamos a caminho do trabalho, da escola, da casa de um amigo, da igreja, em uma viagem, etc... Nós nos deparamos com pessoas semelhantes a essa.

São crianças, adolescentes, jovens, adultos e idosos marginalizados! E temos também que tomar uma decisão entre ajudar ou passar de largo.
É claro que na maioria das vezes passamos de largo, até pelo grande número de desabrigados na rua, mas a grande pergunta é:
- O que faltou para o Sacerdote, para o Levita, que também tem faltado para nós?

E a resposta do texto é: compaixão!
Falta-nos a capacidade de se colocar no lugar do outro! E é exatamente por isso que muitas vezes nós olhamos para essas pessoas, mas não os vemos.

É essa a critica de Jesus para o mestre da lei. Ele está dizendo: você sabe muito, mas não tem compaixão!

E pra mostrar o que é compaixão, Jesus inclui o quarto personagem na história.

Solução do texto:

A sequencia lógica do texto seria que o quarto elemento fosse um leigo. Os sacerdotes e levitas serviam no templo por duas semanas, e os leigos iam também para o templo, então a lógica seria aparecer aqui um leigo.
Mas aqui Jesus de forma inesperada coloca um Samaritano na história.

Os samaritanos eram judeus, porém não legítimos. Quando os judeus sofreram o exílio eles começaram a se casar com mulheres de outros povos, o que era pecado, e desses casamentos mistos vieram os samaritanos uma mistura do judeu com gentil. Por isso os samaritanos não se davam com os Judeus, mas na história de Jesus, o odiado vira herói.

Jesus coloca o Samaritano numa estrada onde ele não poderia estar e num lugar onde os "seus próximos" também não andavam. A probabilidade do homem caído ser judeu é muito maior do que a de ser um samaritano, e mesmo assim o samaritano ao ver aquele homem, senti compaixão por ele.

Mesmo sem saber se aquele homem era um samaritano ou um judeu, o Samaritano sente o seu coração queimar de amor por aquele homem, ao ponto de colocar no lugar dele! E isso nos lembra o que Deus fez por nós, pois Ele deixando a sua glória se faz homem, morre, ressuscita, afim de redimir a sua igreja.

Pela graça Ele nos resgatou quando estamos ainda mortos na beira do caminho. E por que ele faz isso?

Para redimir os seus escolhidos afim de esses vivessem para sempre em comunhão com Ele, e aqui na terra mostrassem para a humanidade caída o que é compaixão!

E é por isso que Ele vai dizer...
Assim como eu faço, façais vós também! Assim como eu sirvo, sirvam também! Assim como eu sou santo, sejam também! Assim como eu sou perfeito, sejam também!

O nosso padrão de vida é o próprio Deus, e da mesma forma como Jesus andou, nós devemos andar. Ele andava pela terra derramando compaixão, e olhando para os outros com muito amor! Ele não via somente com os olhos, mas também com o coração!

E agora nós somos os seus passos aqui na terra, ou pelo menos, deveríamos ser.

O pecado e o diabo tenta diariamente fechar os nossos olhos, nos dizendo pra pensarmos somente em nós mesmos e pra não olharmos para o nosso próximo, mas Cristo veio ao mundo para nos mostrar o que é vida e como se viver. Aqui as suas ações eram de serviço, amor e compaixão, e o desafio da Igreja Cristã contemporânea é viver do mesmo modo e mostrar para a humanidade o que é o amor, afim de que todos se dobrem diante do Rei dos Reis e Senhor dos Senhores.

Para refletir.

Quando olhamos para essas pessoas, qual tem sido a nossa atitude interior? As percebemos e somos indiferentes, ou temos o nosso coração inflado de amor e compaixão?

Sentimos apenas um desconforto racional ou ficamos inconformados com a situação de cada um deles?

Temos mais compaixão do que julgamentos?

Pensando no texto bíblico, nos parecemos mais com o Sacerdote e o Levita, ou temos a compaixão do Samaritano?

Conclusão:

A igreja relevante é a comunidade daqueles que entendem o sacrifico, sabem que foram resgatados pela graça e agora querem ser os olhos de Cristo na terra. Querem olhar com a mesma compaixão, querem servir de coração.