Uma Igreja Relevante, não permanece de olhos fechados.
Lucas 10.25-33
O estudo faz parte da série "Uma Igreja
Relevante", que busca entender com base na palavra de Deus o que é qual a
função da Igreja.
No mês passado já conversamos sobre a
importância de entender o sacrifico, e por quê?
Em primeiro lugar, se não entendermos o
sacrifício a parábola perdi o sentido, pois uma pessoa que não entende o
sacrifício, não vê rações para amar alguém que não tem nada a ver com ela.
Os ensinamentos de Jesus só fazem sentido na
vida daqueles que entenderam o sacrifico e hoje vivem em comunhão com o Deus
trino.
Contexto: Aqui o
mestre da lei, estava querendo acusar Jesus de herege, e por isso ele pergunta:
o que eu posso fazer pra herdar a vida eterna? E Jesus lhe responde
perguntando: o que diz a Lei e como você interpreta?
De Lei
entendia muito e por isso responde corretamente, dizendo que devemos amar a
Deus e ao próximo com todo nosso ser. Jesus concorda com sua resposta e lhe faz
um desafio: - faz isso e viverás!
Sabendo que
é impossível fazer isso, o mestre da Lei tenta se esquivar perguntando: QUEM É
O MEU PRÓXIMO? E com esta pergunta temos o início da segunda parte do texto.
Problema
do texto:
O próximo na
concepção d mestres da lei eram homens e mulheres que viviam de baixo do mesmo
pacto, assim os gentios, os "de fora", não estavam incluídos no
"próximo"!
Mesmo já
sabendo da resposta, ele pergunta: Quem é o meu próximo? E Jesus responde
contando uma história com 4 personagens.
O primeiro que
aparece na história é um ser humano, e a única informação que temos é que está
no chão semimorto, pois foi roubado e espancado por alguns ladrões.
O segundo é
o Sacerdote que está descendo de Jerusalém para Jericó, e provavelmente estava
cumprindo suas duas semanas de oficio de sacerdote no templo. É um caminho
conhecido por ele e que fazia parte da sua vida. E nesse dia em especial, ele
se depara com um homem no chão semimorto.
Seria ele o
"próximo" do Sacerdote? Como saber?
Naquela
época havia grande diversidade entre as tribos, e existiam pelo menos duas
características que distinguiam essas pessoas, a roupa e a fala.
Mas aquele
homem está inconsciente e provavelmente nu. Como então saber se ele é um judeu
ou não? Na dúvida, o Sacerdote escolhe ir embora e deixa este homem morrendo na
estrada! Ele o vê, mas passa de largo.
O sacerdote
era um homem com certo status
financeiro e fazia este caminho a cavalo, o que lhe dá condições de ajudar
aquele homem, mas ele não faz, e por quê?
Não queremos
defender a ação do sacerdote, mas sabemos que ele também tinha fatores que
favoreciam a sua decisão.
1- Esse
homem está nu e inconsciente: ele talvez não fosse um dos "seus
próximos".
2- Talvez
esse homem estivesse morto, e o sacerdote não poderia tocar em um cadáver.
Se o homem
estivesse morto, o sacerdote estaria impuro, contaminado, e contaminado ele não
podia cumprir com seus ofícios de sacerdote. Ele iria ter que voltar para o
templo e passar por um ritual de purificação.
Assim nós
percebemos que ele tem razões lógicas para tomar essa atitude. Ele encontra
"brechas" em sua consciência e ele as usa para se sentir no direito
de passar de largo.
Ele sabe que
poderia agir, mas sabe que poderia não agir! E assim ele escolhe fechar os seus
olhos e seguir "em paz" sua viagem.
O terceiro
personagem que aparece aqui é o Levita.
O Levita
também estava voltando de Jerusalém e indo para sua cidade. O caminho também é
conhecido por ele. É um caminho rotineiro, e andando em um dia comum, algo
acontece de diferente, existe alguém semimorto na estrada!
O Levita não
está sujeito a tantas regras de vida de purificação quanto o Sacerdote. Ele
poderia tranquilamente parar e ajudar o homem, mas ele nos o faz, e por quê?
Assim como o
Sacerdote, o Levita também tem razões concretas para passar de largo.
Sua posição.
Se o levita
está voltando de Jerusalém, ele sabe que a pouco tempo algum Sacerdote tinha
passado por ela.
Não ajudar
este homem, é respeitar a posição de alguém superior, pois se o sacerdote
passou e não fez nada, como o Levita poderia fazer?
Os levitas
tinham também uma renda mais baixa que os sacerdotes, e sempre andavam a pé.
Como ele levaria esse homem por tantos quilômetros?
Ele também
não pode ficar ali parado dando os primeiros socorros porque correria um sério
risco de passar pela mesma coisa. E ainda, ele não conseguia identificar se
este homem é o seu próximo ou não.
Pois bem,
ele também tinha alguns argumentos palpáveis para não ajudar este homem!
E assim ele
vê o homem, mas escolhe passe reto!
O problema
no texto é claro, a religiosidade, a comodidade, e a própria consciência,
taparam os olhos do Sacerdote e do Levita. E esse é um sério risco que corremos
também hoje.
Problema
contemporâneo:
Diariamente
quando estamos a caminho do trabalho, da escola, da casa de um amigo, da
igreja, em uma viagem, etc... Nós nos deparamos com pessoas semelhantes a essa.
São
crianças, adolescentes, jovens, adultos e idosos marginalizados! E temos também
que tomar uma decisão entre ajudar ou passar de largo.
É claro que
na maioria das vezes passamos de largo, até pelo grande número de desabrigados
na rua, mas a grande pergunta é:
- O que
faltou para o Sacerdote, para o Levita, que também tem faltado para nós?
E a resposta
do texto é: compaixão!
Falta-nos a
capacidade de se colocar no lugar do outro! E é exatamente por isso que muitas
vezes nós olhamos para essas pessoas, mas não os vemos.
É essa a
critica de Jesus para o mestre da lei. Ele está dizendo: você sabe muito, mas
não tem compaixão!
E pra
mostrar o que é compaixão, Jesus inclui o quarto personagem na história.
Solução
do texto:
A sequencia
lógica do texto seria que o quarto elemento fosse um leigo. Os sacerdotes e
levitas serviam no templo por duas semanas, e os leigos iam também para o
templo, então a lógica seria aparecer aqui um leigo.
Mas aqui
Jesus de forma inesperada coloca um Samaritano na história.
Os
samaritanos eram judeus, porém não legítimos. Quando os judeus sofreram o
exílio eles começaram a se casar com mulheres de outros povos, o que era pecado,
e desses casamentos mistos vieram os samaritanos uma mistura do judeu com
gentil. Por isso os samaritanos não se davam com os Judeus, mas na história de
Jesus, o odiado vira herói.
Jesus coloca
o Samaritano numa estrada onde ele não poderia estar e num lugar onde os
"seus próximos" também não andavam. A probabilidade do homem caído
ser judeu é muito maior do que a de ser um samaritano, e mesmo assim o
samaritano ao ver aquele homem, senti compaixão por ele.
Mesmo sem
saber se aquele homem era um samaritano ou um judeu, o Samaritano sente o seu
coração queimar de amor por aquele homem, ao ponto de colocar no lugar dele! E
isso nos lembra o que Deus fez por nós, pois Ele deixando a sua glória se faz
homem, morre, ressuscita, afim de redimir a sua igreja.
Pela graça
Ele nos resgatou quando estamos ainda mortos na beira do caminho. E por que ele
faz isso?
Para redimir
os seus escolhidos afim de esses vivessem para sempre em comunhão com Ele, e
aqui na terra mostrassem para a humanidade caída o que é compaixão!
E é por isso
que Ele vai dizer...
Assim como
eu faço, façais vós também! Assim como eu sirvo, sirvam também! Assim como eu
sou santo, sejam também! Assim como eu sou perfeito, sejam também!
O nosso
padrão de vida é o próprio Deus, e da mesma forma como Jesus andou, nós devemos
andar. Ele andava pela terra derramando compaixão, e olhando para os outros com
muito amor! Ele não via somente com os olhos, mas também com o coração!
E agora nós
somos os seus passos aqui na terra, ou pelo menos, deveríamos ser.
O pecado e o
diabo tenta diariamente fechar os nossos olhos, nos dizendo pra pensarmos
somente em nós mesmos e pra não olharmos para o nosso próximo, mas Cristo veio
ao mundo para nos mostrar o que é vida e como se viver. Aqui as suas ações eram
de serviço, amor e compaixão, e o desafio da Igreja Cristã contemporânea é
viver do mesmo modo e mostrar para a humanidade o que é o amor, afim de que
todos se dobrem diante do Rei dos Reis e Senhor dos Senhores.
Para
refletir.
Quando
olhamos para essas pessoas, qual tem sido a nossa atitude interior? As
percebemos e somos indiferentes, ou temos o nosso coração inflado de amor e
compaixão?
Sentimos
apenas um desconforto racional ou ficamos inconformados com a situação de cada
um deles?
Temos mais
compaixão do que julgamentos?
Pensando no
texto bíblico, nos parecemos mais com o Sacerdote e o Levita, ou temos a
compaixão do Samaritano?
Conclusão:
A igreja
relevante é a comunidade daqueles que entendem o sacrifico, sabem que foram
resgatados pela graça e agora querem ser os olhos de Cristo na terra. Querem
olhar com a mesma compaixão, querem servir de coração.