segunda-feira, 29 de março de 2010

O que é missão integral?

Autor da Obra.

C. René Padilla é um dos teólogos e pensadores protestantes Latino-americanos mais conhecidos em todo o mundo. Nascido no Equador e residente em Buenos Aires, na Argentina. É fundador e presidente da Rede Miquéias. É também membro-fundador da Fraternidade Teológica Latino-americana e da Fundação Kairos.

Pressuposto Teológico.

Padilla caminha em todo o tempo com a perspectiva bíblico-reformado, com a capacidade de não analisar passagens isoladas e sim dentro de todo o seu contexto menor e maior, tendo o intuito de gerar nos discípulos a visão do Reino de Deus.

Síntese da Obra.

O livro “O que é missão integral?”, pode ser considerado um clássico de poucas páginas. Padilla consegue escrever sobre um assunto muito complexo e que gerou diversas vertentes em toda a história Cristã, surgindo diferentes teologias e formas de pensamentos sobre o chamado de Jesus àqueles que agora regenerados querem viver para Cristo.

O autor começa sua reflexão trazendo um panorama histórico sobre um paradigma de missão, onde no século XVIII falar de missão era tão somente falar de “Missão transcultural”, de tal forma que o Cristão para fazer missão deveria então cruzar barreiras sociais e geografias. Esse tipo de pensamento hoje é bastante criticado por alguns, porém, nesta obra também se encontra algo muito especial, pois Padilla mesmo sem concordar com este paradigma levanta questões positivas deste pensamento, afinal, se essa concepção de cruzar as fronteiras não tivesse existido como então as pessoas do outro lado do mundo ouviriam falar de Jesus? Sendo assim essa perspectiva tem seus pontos positivos, no entanto o autor levanta conjecturas sobre o papel da igreja diante tal pensamento, pois o papel da igreja até então era tão somente apoiar o missionário espiritamente e também financeiramente.

Para Padilla todos os que são chamados por Deus, para viver e se relacionar com Ele tem como âmbito de vida, uma vida missional. A igreja deve viver e praticar a missão de Deus no mundo, primeiramente onde esta afixada, ou seja, ser missão em seu bairro e cidade, e no caso de alguns casos específicos irem até o país onde Deus tem chamado. Dentro deste ensino, destaca-se a teologia de que todos os Cristãos têm um chamado especifico, e dons específicos, esses ele deve usar para fazer missão onde ele estiver, para que a igreja não seja apenas mais um lugar de encontro, e sim um lugar onde a liderança se empenha em equipar seus membros à participarem da Missão de Deus no mundo.

A importância de uma boa teologia também ganha espaço nesta obra, onde o autor levanta a pergunta, “para que serve teologia?”, e ele mesmo responde explicando que a teologia é o reflexo de estudos, e pensamentos, porém que deve ter como princípio básico e central levar todos a um papel prático, e assim a teologia sai do seu padrão teórico e invade a pratica.

A teologia é de suma importância e é o que rege o sistema da igreja, entretanto entendo que a igreja deve sempre se avaliar para identificar se esta sendo pratica e relevante em sua sociedade, pois se a igreja não tem como base o alcançar pessoas para Cristo, ela se torna um clube, onde “crentes” se encontram para papiar sobre os resultados obtidos na semana.

A “grande comissão” descrita em Mateus 28:16-20 é um assunto que também tem muita importância no que se refere a missão, pois falar de missão é voltar a esse texto, Padilla o considera o “testamento” que Cristo deixou a sua igreja e não pode reduzir-se a um “mandato evangelístico” que quer apenas enfatizar a pregação do evangelho no mundo todo(PADILHA, 2009, p.32). E sendo assim Padilla levanta as principais questões deste texto que são:

-Somente a autoridade de Jesus provê a base para a missão.

-O mandato é para que os discípulos façam discípulos.

Diante disto como fazer a missão? Indo, batizando, e ensinando. Assim o discípulo entende que sua vida é missão, e na medida em que uma pessoa entende o chamado de Cristo para sua vida ela deve ser então batizada para que através deste rito ela se sinta um membro desta comunidade, mas mesmo assim ela ainda não esta pronta para caminhar sozinha, precisa de um ensino. Então a pessoa que apresentou a Jesus tem também este compromisso do ensino, para que então quando o discípulo estiver pronto poder fazer outros discípulos, e isto como um circulo.

Depois de uma base teórica o autor começa a mostrar a pratica dessa teoria, descrevendo sobre diversas maneiras em que o discípulo faz missão.

A falta de visão das igrejas, e a dificuldade em admitir seus erros, marcaram uma forte decadência nos conceitos de missão, o Pacto de Lausanne I e II veio para reconstruir os conceitos de missão, destacando que a ação social e a evangelização devem ser elementos essenciais da igreja.

Então a ação social deve se destacar, pois aquele que prega a Jesus deve também lutar pela inclusão social de pessoas marginalizadas por seu status. O primeiro passo é reconhecer nosso erro, reconhecer que muitos têm uma visão totalmente distorcida, e que a igreja mesmo que inconscientemente é por vezes muito mais exclusiva do que inclusiva. É preciso uma re-educação, pois muitos consideram distintas as relações entre falar de Cristo e viver o evangelho, sendo que o falar de Cristo é um reflexo de uma vida consagrada, e que hoje o evangelho necessita de menos palavras e mais amor.

Após uma regeneração de vida, o Cristão entende que necessita de uma comunidade, pessoas que tenham o mesmo sentimento e pensamento, para unir nossas forças e lutar juntos pelo Reino de Deus. Nesta comunidade a oração deve ser o centro da ação do povo, sem a oração o povo pode até fazer missão, porém corre o risco de fazer algo distinto da vontade de Deus, e sendo assim a igreja pode estar enganada, e achar que participa da Missão e do Reino de Deus, quando esta bem longe disso.

Bonhoeffer diz que, “Quando Cristo chama uma pessoa, ele a convida para vir e morrer”. O evangelho deve ter também como base a idéia de que viver para Cristo é morrer para si mesmo. Quando Cristo entra na vida de alguém a pessoa entende que agora tudo o que ela tem não é dela e sim de Cristo, passa a servir a Cristo com tudo o que tem, passa a lutar pelo direito do outro, se uni com outras igrejas, pois não tem como base o levar a sua Igreja e sim a Cristo. A única idéia de alguém concernente a missão integral é que este compreende a missão de Deus no mundo e agora vive para Cristo com todo o seu ser, em todos os seus dias, com seus atos, com suas palavras, e até mesmo o seu jeito de andar devem refletir a Cristo e tem como tese a restauração total do próximo, que antes era alguém deprimente mas agora é um discípulo, pela graça e amor de Deus Pai, através de Cristo, o salvador.

Opinião do autor

Este livro abriu muitos os meus olhos não só para o que devo ensinar, e principalmente como devo viver. Deu-me a oportunidade de repensar muitos conceitos, e também a capacidade de interagir com alguns textos bíblicos. Em suma um livro que transmite a visão do reino de Deus, e sendo assim seus conceitos deveriam ser ensinados e principalmente vividos por todos os membros, a começar na vida dos líderes de igrejas.

Mais do que recomendado!!!

Daniel M. Coelho

4 comentários:

  1. Assunto delicado esse né...
    Porém delicado só para tratar, porque, pelo menos pra mim, ele se tornou muito claro há pouco tempo...
    A gente não pode deixar a religião e a doutrina superarem a fé e o evangelho do Reino...
    Algumas pessoas encaram a missão como um peso, apenas como mais uma tarefa a ser cumprida...
    Graças a Deus eu aprendi a encarar a missão como minha própria vida e a ser grato a Ele por ele ter um plano exclusivo pra mim...
    Fácil negar a si mesmo? De forma alguma.
    "Viver com Deus é difícil. Porém viver sem ele é impossível."
    Valeu mano, curti pacas...
    p.s: Se pá vale mais que 7,0, veremos... hehauehauh

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  2. Tá dificl de começar a colocar minhas palavras aqui.. é tanto pensamento junto sobre esse assunto, que dá vontade de marcar um dia uma reunião informal que seja com hora pra começar e sem hora pra acabar! rsrs.. vou tentar colocar um pouco do meu pensamento pq eu hoje, assim como o Du disse acima: "Graças a Deus eu aprendi a encarar a missão como minha própria vida e a ser grato a Ele por Ele ter um plano exclusivo pra mim..." ... o "IDE" - que é uma ORDEM - hoje na minha vida, enxergo mais como "INDO".. gerúndio na língua portuguesa, ou seja, em atividade. (Gerúndio: indica uma ação em andamento, um processo verbal ainda não finalizado. http://pt.wikipedia.org/wiki/Formas_nominais_do_verbo)
    É exatamente o fato de pregar o Evangelho 24hs - falo da pregação que foge das 4 paredes da Igreja - através dos meus atos que torna essa constante busca de uma vida obediente a Deus uma batalha diária!... Pq essa obediência à Sua palavra O agrada, mas, "desagrada" o inimigo.. aí surge a batalha contra o pecado, pq somos tentados diariamente... PORÉM, o que nos dá a força necessária para continuarmos a nossa caminhada é que Jesus nos afirma no final do versículo 20 "..eis que estou convosco todos os dias até a consumação do século." Então, entendendo o coração da grande comissão, devemos #Ir, #Fazer, #Batizar #Ensinar.. na ctz que Ele está com a gente ;D
    E mesmo enfrentando essa batalha diária, mesmo sendo difícil, mesmo havendo mtos obstáculos, devemos ser cada vez mais o reflexo de Jesus Cristo!
    E nunca esquecer que a oração nos afasta do pecado e nos aproxima de Deus ;D
    Que todos tenhamos humildade para reconhecermos nossos erros e vivermos segundo a vontade de Deus! ;D
    Com ctz quero ler esse livro..
    Me empresta DaniBoy??? ehuaheuaehaue
    O Dudu foi severo demais! Eu acho q merece nota 10!!!
    Daniboy 10!!! Sempre causando!!! heheheeee
    Curti demais o post!
    Deus te abençoe a e te dê forças a cada batalha amigo!
    Sdd!!!

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  3. Esse texto é uma grande prova de que Deus nos chama todos os dias com um propósito de fazermos algo, realizar uma verdadeira missão! Foca o quanto é importante dependermos da oração e o quanto gratificante é falar e viver em cristo!

    que Deus continuee te abençoandooooo muitoooooo viuu Daniellll! Beijoo, ;*

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  4. Reflexão interessante sobre Padilla e este seu livro. Acho pertinentes e pragmaticamente eficazes as posições dele, apesar das ressalvas quanto aos seus pressupostos mais imperceptíveis. Ótimo texto, cara... Dani, fiz um blog pra mim e coloquei o seu nos meus links favoritos. Dá uma olhada lá e coloca o meu aqui também se der. O link é http://renatoroliveira.wordpress.com/
    Abraço

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